segunda-feira, 30 de junho de 2008

Deus existe? (a guisa de introdução)

Algumas pessoas me escreveram e-mails, bravas, porque eu escrevi que, para mim, quem não acredita na existência de Deus é retardado mental. Vejam, meus companheiros de solidão, o retardamento da mente ao qual me referi, não é um xingamento, uma ofensa, uma tentativa de provocação, é uma condição técnica de quem se recusa a se aprofundar em descobertas e provas que estão muito além das informações que o retardatário possui. Penso que na maioria dos casos, o sujeito em tal categoria, estaciona nessa posição por teimosia, preguiça ou por rebeldia contra alguma educação religiosa rígida e distorcida que recebeu. Por que o termo que empreguei para me referir aos descrentes não seria tão propício para quem se comporta como um eterno pré-adolescente?

Quando você está no que antigamente se costumava chamar de pré-primário, não se espera que você explique a física quântica e mesmo quando você já tem idade para aprender a física quântica, não se espera que você possa explicá-la, porque o homem moderno é dado a especializações, mas espera-se que você saiba que ela existe. Porém, quando você já está em idade de estudo superior e ainda pensa como no pré-primário, eu sinto infirmá-lo: você é um retardado mental. Ainda que esta deficiência possa ser sanada com um remédio bem eficaz e infalível, chamado “estudo profundo”, que pode se dar em vários níveis e pode também ser chamado de busca da Verdade.

Sair por aí repetindo que não acredita em coisas que não se ensinam no prézinho, não faz de você um cético ou um ateu, mas apenas um tolo. Se mesmo Deus não se restringe a um único ponto de vista, ou a uma única concepção, um ateu só pode ser ateu em relação a algum dos deuses de sua imaginação, ou a alguma das faces de Deus, pois Deus é uma manifestação ininterrupta de qualidades que se transformam e se renovam em infinita criação e em múltiplas representações. Percebem a tolice de quem se diz ateu? O ateu precisa se especificar para que sua classificação não seja sinônima de idiota. Quanto ao cético, o que ele acredita ou não acredita, o que ele gosta ou não gosta, é relevante pra quem? Nem pra ele mesmo. O cético é apenas alguém que não acredita, e desde quando Deus se resume a uma questão de crença? Os homens santos sempre quiseram e obtiveram e souberam ver provas da existência de Deus. O retardado contrapõe sua descrença às crendices populares, o que só vem a provar seu retardamento e não que Deus é o mesmo que crendice mundana. É o mesmo que querer comparar uma criança que desenha alguns rabiscos e diz que desenhou uma casa, com o desenho de um arquiteto.

As livrarias estão contaminadas dos livros de humor dos chamados “filósofos” brights, que as infestam no setor de besta-sellers, tais como “Deus - um delírio” de Richard Dawkins, “Quebrando o Encanto” de Daniel Dennet, “Deus não é grande” de Christopher Hitchens, “Tratado de Ateologia” de Michel Onfrey e tutti quanti. Há quem ainda se refira a algumas retrógradas posições imaginárias como as de Freud e do falso profeta Jung, de Darwin, de Nietzsche como sendo coisa importante. No entanto há muito mais para se ler e pesquisar sobre o assunto em questão, do que o que é apresentado vulgarmente por uma sociedade demoníaca, doente, e acometida de paralisia cerebral. Não estou esperando que uma pessoa com capacidades mentais bloqueadas possa ler a Bíblia, o Torá ou o Alcorão e descubra sozinha, sem explicações o que aqueles escritos simbólicos querem dizer. Não, é preciso que haja uma exegese, e vamos falar claramente, não são os “bispos” da “igreja” universal ou da “igreja” renascer, ou os adeptos da teologia da libertação, ou os Paulos Coelhos que vão explicar esoterismo, metafísica, transcendência e imanência. Estes estão no nível dos que pensam que religiosidade é dogma, moralismo ou o caminhar das baratas tontas pelo caminho de Santiago. Não é o misticismo barato, os incensos, os gnomos e as fadas que vão traduzir o Mistério. Os livros do ensino superior são caros e os pobres de espírito vivem sem grana para comprá-los, mesmo que sejam distribuídos de Graça. (Aos poucos posso mencionar bibliografia, mas não quero dar curto-circuito em mente fraca nenhuma).

Que cada um se relegue à sua própria ignorância, mas que não venha bradar sem provas esta que defende como sendo verdade e que não passa de burrice, como se fosse honesto falar mal do que pouco estudou, ou do que não conseguiu entender.

É preciso também que se diga que a inconsciência espiritual do racionalista anula a falsidade de suas negações. O fato de um demente ignorar que é um demente, não prova que não seja; do mesmo jeito que o fato de um homem com mente sã não conseguir provar a um demente que ele tem a mente sã, não faz com que sua mente não seja sã.

O que proponho não é apenas o ajuste da mente, mas a percepção de que há algo além dela. Estou pedindo demais?

Começarei a escrever alguns artigos que falem das provas da existência de Deus. Espero não magoar ninguém.

2 comentários:

Anônimo disse...

Leo, suas palavras são cheias de riscos e rabiscos (sem ofensa). Para os tolos, são tão bonitas! Mas, Léo, ser ateu não é teimosia. Ser ateu é um estágio além da crença. Você nasce ateu, depois a sociedade (ocidental) te impõe essa crença e, finalmente, você descobre que tudo não passa de ilusão. Sem birra, sem choro, sem pedras em telhados ou janelas, sem maconha ou cocaína... "Não julgues, para que não sejas julgado". Um abraço, amigo solitário.

Anônimo disse...

"Sair por aí repetindo que não acredita em coisas que não se ensinam no prézinho, não faz de você um cético ou um ateu, mas apenas um tolo"
Léo, não seria tolice acreditar em tudo que se diz por aí?