sábado, 21 de junho de 2008

Inauguração

Já avisando vou: este blog aqui não é pra ler de qualquer jeito. Tem que reler acalmado: inicie relendo mesmo antes de se atacar de ler. As coisas do simbólico, sabe? Não sabe, mas se ficar entrando, logo vai começar a ficar sabendo.

O Dante, aquele Alighieri lá, dizia em seu Convívio que os entendimentos das Escrituras, se davam em quatro sentidos, sabia? O literal, o alegórico, o moral e o anagógico. Sabe qual é este? O que transcende os sentidos todos.

Que se vai bebendo aos poucos, que de golão afoga. Aos poucos vão se dando as fontes, mas a água. Que não é tudo de uma vez, mas é Tudo. E é Todo também e Poderoso. Não se aflija, Revelação é mostra esconde demais. Espere não aguarde. Que espera dá em esperança e aguardar fica de guarda. E por acaso é guerra? Nada é por acaso, é guerra de vontade mesmo. Tem que crer pra ver e tem que crer e ainda não crendo é só por enquanto, depois passa. E renova de novo essas novidades que não é missa nova, é repartir o corpo e beber o sangue em eternidade.

Eu vou falando em jeitos de escrita, quem quiser que conte outra. Leia em voz Alta. A fala permeia o cosmo. Não é só o homem, é tudo que sai falando. Só as rosas é que não falam, simplesmente exalam o perfume que roubam de Ti. É por isto que me descrevo em nome de Rosa. Mas o que faz do homem bem ele sendo não é a fala é a Imagem Divina. Esta sim, não é nada parecida com aquela que temos de nós próprios. Quem não tem Ela, não é Homem. Você acha que só porque você nasceu com a forma humana que você é Homem? É nada que é assim. Adão não nasceu há milhares de anos, esta é novíssima e o alvissareiro é cada um. Não é passado é já. Adão é um nascimento espiritual dentro. Tem que nascer este Homem na gente, senão. Sem este rebentar adâmico nossa humanidade não começa.

Se Deus existe? Ai que eu já tô inteiro arrependido de ter perguntado. E de ter escrito “eu”, que só Ele é Eu. Mas tem que buscar os retardatários: desgarradas mentes. Que “eu” não minto quando vou falando as sinceridades todas, que o Agostinho, aquele Santo, disse que o cume da malícia é mentir com a verdade.

Tudo tanto de lindo que dá desejo de menos. Tem mais?

3 comentários:

Anônimo disse...

...Mire veja: um casal, no Rio do Borá, daqui longe, só porque marido e mulher eram primos carnais, os quatro meninos deles vieram nascendo com a pior transformação que há: sem braços e sem pernas, só os tocos... Arre, nem posso figurar minha idéia nisso! Refiro ao senhor: um outro doutor, rapaz, que explorava as pedras turmalinas no vale do arassuaí, discorreu me dizendo que a vida da gente encarna e reencarna, por progresso próprio, mas que Deus não há. Estremeço. Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar - é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada - erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dor não dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos - não dói sem precisar de se ter razão nem conhecimento? E as pessoas não nascem sempre? Ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O senhor não vê? O que não é Deus é estado de demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu, é porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que invejo é sua instrução do senhor...
(págs 48 e 49 - Grande Sertão: Veredas, sexta edição.)

Anônimo disse...

...bebendo aos poucos, que de golão afoga.
É muito profundo o tema pra mim...dá pra liberar mais golinho pra ver se posso dar um passo adiante no meu pensamento? Não sei ainda bem do que falamos (essa fragmentação que me assola a alma!).

Anônimo disse...

Gosto da palavra renovar,
porque o renovar recicla,
e o reciclar limpa,
e o limpar traz o entendimento,
e o entendimento aponta para a Luz,
e a Luz clareia o lado mais escuro da dúvida.
A dúvida passa a ser revista,
e a revisão traz respostas para os medos, as interrogações, os anseios.
Mas como somos "eternos insatisfeitos", como diz um amigo meu, precisamos da Palavra. Da Palavra que renove, que traga o cuidado de aprender, e assim crer.
Crer no diálogo da conquista da Vida, da Verdade, da Imagem de um bem comum a Todos.